Stress atinge 70 por cento dos trabalhadores brasileiros
Médicos, engenheiros, professores, profissionais de marketing, motoristas, policiais, profissionais da área de tecnologia são os trabalhadores mais atingidos pelo stress, conjunto de reações do organismo a situações extremas. Ligado a problemas financeiros, trânsito, questões familiares, profissão, situações de vida, o stress é o principal responsável por acidentes de trabalho e a maior causa de faltas ao ano em países desenvolvidos como os Estados Unidos.
Maria de Fatima Dannemann
Vira e mexe, ouvem-se frases tipo “eu me estressei com ele” , “nós tivemos um stress por causa disso” ou ainda “fulano é estressado”. Considerado o mal do século pelos especialistas, o stress, no entanto, é muito mais do que brigar, se zangar ou ser nervoso. È uma doença provocada pela redução de dois hormônios, adrenalina e cortisol, provocada por situações extremas em casa, no trabalho, no trânsito e que, caso não seja levada a sério, pode levar não só a doenças cardíacas e acidentes de trabalho como a transtornos psíquicos como depressão, síndrome de pânico, medos, insônia, e vários outros. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o stress é uma das principais causas de acidente de trabalho no mundo e de acordo com os dados da Associação Internacional de Gerenciamento do Stress, o Brasil só perde do Japão em número de trabalhadores vitimados pelo stress.
O stress atinge hoje a maioria dos trabalhadores brasileiros – cerca de 70 por cento – especialmente entre professores, marqueteiros, policiais, controladores de vôo, motoristas e médicos. É provocado quando há situações de sobrecarga e muitas vezes nem se deve a fatores negativos. Coisas boas, segundo alguns especialistas, também podem desencadear o problema. Exemplos: comprar, reformar, construir casa, promoção no trabalho com novos desafios, casamento, ganhar na loteria e ter que investir o dinheiro. Não há cura, dizem os especialistas, mas ele pode ser “administrado” ou “gerenciado” através de novos hábitos de vida como alimentação saudável, tirar férias, meditar, fazer exercícios físicos regularmente, além do acompanhamento por uma equipe multidisciplinar incluindo médico, psicólogo, nutricionista, professor de educação física, etc.
Adolescência
Na vida, o ser humano está sujeito a desafios diversos: estudar, ganhar um diploma, ter uma profissão, trabalhar, ser promovido, aparar “arestas” com colegas invejosos ou chefes ditadores, pagar contas. Além disso, há situações de família e vida pessoal e amorosa. Mudanças de casa, de emprego. Casamentos. Tudo isso são situações que podem gerar pressão, preocupação ou até mesmo alegrias tão intensas que a pessoa não tem como lidar com elas. A vida está cada vez mais acelerada, fatos que acontecem distante de nós, com a globalização, acabam nos atingindo (como o assassinato de Isabela Nardoni ou a eleição de Obama nos Estados Unidos explorados ao máximo pela mídia). Resultado disso é que o stress se tornou o mal do século e vem crescendo até em quem não deveria ter muitas preocupações na vida, os adolescentes.
Como se não bastassem todas as questões relacionadas com a transição entre infância e idade adulta ainda há outros problemas como a necessidade de escolher uma profissão entre mil e umas carreiras novas, falta de segurança no trânsito e nas ruas das grandes cidades, horários apertados para os mil e um cursos ou ter que conciliar trabalho e estudo (sim, muitos a partir de 18 anos estão “ralando” para ajudar em casa ou mesmo antes dessa idade). Resultado disso é o organismo sobrecarregado gerando o conjunto de respostas psicológicas e fisiológicas que os especialistas chamam de stress. De repente, o rendimento dos garotos caem, a memória falha, eles ficam ora irritados ora tristes, param de se alimentar. Tudo o que eles precisam é dormir mais, ter uma alimentação saudável, compreensão por parte dos pais e professores (responsáveis por boa parte da pressão que os adolescentes sofrem), ter momentos de lazer e um passatempo produtivo. Isso poderá evitar aos pais problemas bem mais sérios: o stress leva a depressão, maior causa de suicídio entre adolescentes e jovens no mundo.
Conseqüências
Quem acha que “stress” é apenas um evento passageiro como uma briga de comadres vai ficar boquiaberto ao saber sobre suas conseqüências: asma, diabetes, doenças coronarianas, úlcera, infertilidade, falha de concentração, falha de memória, nervosismo, obesidade ou perda de peso. No trabalho pode trazer diminuição de rendimento. No ponto de vista psicológico, as conseqüências são também graves: depressão, ansiedade, abuso de drogas ou substâncias perniciosas, transtornos alimentares como compulsão, bulimia, ou anorexia (apesar de consentida e até incentivada pelo público, a anorexia é doença psiquiátrica).
As causas são internas ou externas como o ambiente ao redor de sua casa ou trabalho – ruas barulhentas ou próximas a “bocas quentes” , por exemplo, em que ninguém fica sossegado – famílias com problemas de relacionamento, dinheiro ou saúde. No trabalho, o stress pode ser resultante de insatisfação com as tarefas realizadas, o salário ganho, relações com colegas (vistos nesses tempos de competitividade como concorrentes ou adversários), e até a sociedade moderna com suas exigências como padrões de status, de beleza, de saúde acaba sendo estressante.
Como gerenciar o stress
Meditação, analise bioenergética, alimentação saudável, o que seria mais eficaz no combate ao stress? Médicos e demais especialistas dizem que não há cura mas que se pode conviver com o stress. Há medidas simples que podem ser eficazes segundo estudiosos americanos como:
- se as noticias do dia lhe deixam ansioso, desligue a TV
- evite pessoas que você sabe que são “chatas”, “enervantes” ou mesmo “desagradáveis.
- procure dividir suas tarefas diárias. Um pouco de cada coisa por dia. Nada de exageros.
- Aprenda a dizer não. Nada de se sobrecarregar por querer ser o “bonzinho” ou por “não poder negar nada a fulano ou sicrano”.
- Em conversas com amigos, evite assuntos polêmicos como política ou religião. Prefira as amenidades.
- Pratique meditação ou yoga.
- Que tal fazer algum esporte ou atividade física?
- em vez de deixar a dieta saudável para “segunda-feira” comece hoje mesmo
- em vez de fazer tudo sozinho como um Atlas ou Cristo pós-moderno, divida responsabilidades.
- divida seus projetos em pequenas etapas em vez de querer fazer tudo de vez (muitas vezes sem conseguir dar conta).
- procure fazer caminhadas, uma dica é deixar o carro em casa e ir a pé a lugares mais próximos.
- diminuir o consumo de álcool e cigarro.
- arrumar um hobby ou passatempo.