Fátima Dannemann
Exagerada, over, exuberante, as vezes sedutora, noutras, malvada, sempre de olho numa carteira recheada de “dinheiros de plástico” (cartão de crédito), a perua está presente nas novelas desde o principio dos tempos. Antes de existir o termo Perua que virou moda no final dos anos 80.
De peruas “coroadas” como a Rainha Valentina (Tereza Rachel) de Que rei sou eu, a peruas pós-modernas como Natalie Lamour (Débora Secco) em Insensato Coração ou Clo (Irene Ravache). Algumas atrizes até já viveram o papel de peruas mais de uma vez como Elizabeth Savalla, que já foi uma “perua-melindrosa” em Chocolate com Pimenta (Jezebel), uma perua obcecada por juventude em Sete Pecados (Rebeca) e agora faz a perua-autoridade em Morde e Assopra (Minerva).
Uma lista de peruas de novela inclui também:
Clo (Tereza Rachel – O Astro) – muito antes de alguém inventar chamar mulheres exageradas de peruas, Tereza Rachel apareceu na primeira versão de O Astro (década de 70) como a viúva do falecido Salomão Hayalla que depois se casa com o próprio cunhado.
Viúva Porcina (Regina Duarte – Roque Santeiro) – Tudo era muito exagerado naqueles tempos. Talvez porque nos anos 80 ainda havia censura e o jeito de extravazar era nas roupas e atitudes, Assim, alem de Porcina, tinham outras peruas na novela como as vedetes Ninon e Rosaly (Claudia Raia e Isis de Oliveira). Mas num universo de fantasia onde havia beatos, lobisomens e outro bichos, podia tudo.
Mary Montilla (Carmem Verônica – Belíssima) – OK, vedete pode tudo, inclusive exagerar e Mary Montilla era uma ex-vedete no folhetim. Guida Guevara (Iris Bruzzi) era outra. Exageradas e engraçadas, garantiram Ibope a novela. Carmem Verônica, aliás, fez outra perua de sucesso: Xena, na novela Deus nos Acuda.
Mary Matoso – (Patrícia Travassos – Vamp) – quem não se lembra das cenas dos auto-falantes tocando “Como uma deusa” gritada a plenos pulmões por Mary Matoso em Vamp? Na categoria peruas do alem, com certeza ela é a mais lembrada. Anos mais tarde, em O Beijo do Vampiro, Claudia Raia e Betty Goffman viveriam outras vampiras bem exageradas.
Leona – (Carolina Dieckman – Cobras e Lagartos) – perua jovem e vilã que passou boa parte da novela gritando numa das piores interpretações da atriz. Típica perua mesmo: roupas de marca, cabelo liso, pintado de louro. Quer mais?
Nazira – (Eliane Giardini – O Clone) – A perua-etnica vivida por Eliane pode ser revista atualmente no Vale a Pena ver de novo (nesse caso, vale mesmo porque a novela de Gloria Perez é ótima, alem de mostrar coisas diferentes como os costumes mulçumanos). Mas, há desculpas. As orientais são mesmo exageradas. Como Indira (de novo Eliane) em Caminho das Índias. A sogra-naja que não dava a chave da dispensa a qualquer nora e que criticava quem andava “arrastando o sári no mercado”.
Eva – (Adriana Garambone – Rebelde) – Até novelinhas infanto-juvenis têm suas peruas. A de Rebelde é Eva Messi, exagerada, histérica, sedutora, mas do bem. Sua filha é que é quase o oposto, Roberta.
Regeane e Goretti – (Viviane Passmanter e Regiane Alves – Tempos Modernos) – Enquanto a irmã mais nova Nelinha, vivia caçando estrelas no céu, as duas mais velhas eram peruíssimas. Filhas de um empresário emergentes, elas se cobriam de brilho e excesso de jóias e maquiagem por centímetro quadrado e sonhavam com “gente que interessa”.
Rubra Rosa – (Suzana Vieira – Fera Ferida) – Essa foi apenas uma das peruas dessa novela cheia de lendas e fantasias e foi apenas uma das peruas que Suzana Vieira viveu na vida. As outras exageradas da novela eram Salustiana (Joana Fomm, quase uma maníaca sexual e que dava em cima do delegado da cidade) e Ilka Tibiriçá (Cássia Kiss) que fazia o gênero perua romântica e suave com roupas inspiradas no filme Candelabro Italiano.
Laila – (Christiane Torloni – Um anjo caiu do céu) – La Torloni é uma das atrizes que já viveu mais de uma perua na vida. Uma delas foi Laila, que passou toda a novela gritando pelo mordomo “gildooooo”. Mais recente, ela viveu Melissa em Caminho das Índias. Uma perua que não aceitava a doença mental do filho e as traições do marido, essas, aliás, pagas com uma bela surra na amante dele.