Monday, December 03, 2007
Clássico, 17 anos depois
Fatima Dannemann
No cinema, Uma Linda Mulher (Pretty Woman) veio um tanto mutilado com censura livre. Em DVD, sem tanta frescura, a edição comemorativa dos 15 anos, lançado há dois anos atestam: o filme de Garry Marshall, com Richard Gere e Julia Roberts já é um clássico e é cheio de charme. O maior mérito é retratar o sonho de qualquer mocinha ou bandida: o de arrumar um príncipe que lhe resgate da vida normalzinha do dia a dia para um mundo glamouroso, fashion e cheio de divertimentos.
Sentar-se em frente a TV e assistir ao filme pode ser um bom programa para depois da praia. Mais jovens, Julia Roberts e Richard Gere já ensaiam os passos dos “monstros sagrados” do cinema que eles se tornaram. Ela principalmente. Erin Brokowicz, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz em 2000, coroa Julia Roberts como uma das melhores atrizes de sua geração e sem precisar ser nenhuma beldade. Ela interpreta Vivian Ward, a prostituta resgatada das ruas de Hollywood pelo milionário Edward Lewis com tanta naturalidade que dá até para esquecer que é apenas uma personagem.
A história pode até parecer meio boba. Um milionário, Edward, se perde em Hollywood e pede à garota de programa interpretada por Julia que ele encontra nas ruas que lhe mostre o hotel (o Beverly Willshire, hoje ponto turistico exatamente por causa do filme) onde está hospedado. Conversa vai, transa vem, ele contrata a menina (sim, menina, apesar da profissão ela tem um irresistível ar de inocencia que encanta as pessoas entre os quais o gerente do hotel e o milionário idoso no qual Edward quer passar a perna) por uma semana. Ai o filme começa.
Entre restaurantes, jogos de polo, boutiques da Rodeo Drive, há pausa para a ópera e, como não podia deixar de ser, é La Traviata, que conta uma história parecida mas sem final feliz. No final, mocinhos vencem os vilões mas cai o pano e é preciso voltar a real. Mas a vida está diferente para todo mundo e é ai que… Bom, não é segredo, mas o final é digno dos filmes de princesa. Edward aparece numa limusine, tocando uma das árias da Traviata (tinha que ser) com flores nas mãos e sobe a escada de incendio para “salvar” a mocinha.
“Ah, o filme é bobo, é leve”. Quem pensa assim, que se choque com as imagens sanguinolentas de Tropa de Elite ou veja o Jornal Nacional. O mundo precisa de leveza, a vida precisa de momentos amenos, e qualquer pessoa precisa acreditar que os sonhos são possíveis. Se esse sonho vem de uma fábrica que sabe dar seu recado com competência, Hollywood, melhor ainda. Talvez Pretty Woman não tenha o mesmo charme de dois clássicos sobre garotas de programa, Irma la Douce e Bonequinha de Luxo. Mas tem o final que todas as mocinhas (e bandidas) sonham. E isso basta.
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