Saturday, June 28, 2008
Tutti frutti by Fatima
virtualidades
Virtualidades
Fatima Dannemann
A era uma garota de 20 anos. Um dia, ao ver o irmão menor correndo risco de vida, jogou-se com tudo numa pista de alta velocidade para salva-lo. Foi atropelada, sofreu fratura na perna, ficou muitos meses engessada tendo que interromper seu curso na Faculdade de Direito de uma capital brasileira. Linda e comovente história. Poderia estar num romance, numa novela de televisão, num filme, ou mesmo numa revista do tipo Claudia ou Marie Claire. Mas, aconteceu via e-mail, icq, listas de discussão, envolveu pessoas inocentes e incautas e só não durou para sempre porque descobriu-se que nada daquilo era verdade. A garota A. na verdade se chamava B, tinha mais de 40 anos, distúrbios mentais e usava a Internet para viver suas fantasias. Como muitas outras pessoas também o fazem.
De falsos bilhetes de suicídio a pessoas que afirmam estarem internadas em hospitais com tumores inoperáveis e em estado terminal, acaba dando de tudo nesse sanatório geral que se chama Internet, cujo vício, em alguns paises, já está merecendo o mesmo tratamento de choque dedicado a outros vícios e manias mais prosaicos como o alcoolismo ou as drogas. Ah, antes que me perguntem: porque falar de virtualidades justamente num site da Internet? Bom, não vejo melhor lugar para isso. Acredito que as pessoas devam ler e ver que se no real nem tudo é o que parece ser, na net as fantasias e desvios da verdade são ainda mais exarcebados por conta da "invisibilidade" que o computador permite.
O que deveria ser um meio de informação, um meio de interação entre pessoas fisicamente distantes, um meio de diversão, se torna muitas vezes palco para que neuróticos e nem tanto soltem suas fantasias. E acaba dando de tudo: falsos bilhetes de suicídio, fantasiosos portadores de câncer no cérebro que usam o PC do hospital para formatar lindos e-mails, homens casados e pais de família soltando o lado sedutor e se passando por boyzinhos de 20 e poucos, e muitos outros casos. Alguns, admito, não passam de fantasias ingênuas, porém outros extrapolam os limites do bom senso. Em algumas dessas histórias, tive alguma participação, em outras fiquei sabendo apenas através de net-fofocas via e-mail ou icq, e em todos os momentos fui condenada justamente por achar certas histórias fantasiosas demais para ser verdade. Como a da moça da perna quebrada, que mesmo sendo estudante de direito se "enrolou" quando fiz algumas perguntas sobre questões jurídicas, ah, e que não usava laptop.
A principal desculpa ouvi de um amigo de chat no icq é que "podemos contar monte de mentiras, ninguém vai descobrir nunca". Quando eu solto minha descrição dizendo que sou "cheinha", míope de usar óculos fundo de garrafa e tenho uma potoca no meio da testa, o povo ri achando que é mentira e quando envio a foto (de óculos, evidenciando os alguns quilos acima do peso e a tal potoca), nego ainda diz: "mas você é bonita", omitem tudo o que eu gostaria de ouvir: "puxa, então a potoca e os óculos eram verdade".
Verdade, entre os net-addicted é palavra que não existe. Extravazar as fantasias, formatar e-mails maravilhosos, caprichando muito mais no visual e na trilha sonora do que no texto, que a maioria das pessoas nem lê e não repara no nome maldito do Autor Desconhecido no final da mensagem, é tudo o que importa. Ah, e repassar tudo o que chega. Repasses, especialmente de determinados internautas, revela "status", um flerte com os "poderosos" da internet, mesmo que na teoria e na prática todos os que acessam a rede, independente do tipo de conexão e do provedor que assinam, estão em pé de igualdade. Isso deveria ser o forte de internet: a democracia, o ser humano como igual, uma relação de semelhante para semelhante. Mas, nem tudo está perdido. Pelo menos na Bahia, já se acena com um movimento pela democracia na Internet. Quem sabe, esse movimento toma vulto, cresce e um dia, A se mostre como A mesmo, e as mentiras e a falsa "aura" de poder e glória se esvaziem e as pessoas passem a apenas enxergar a beleza de se ser humano sem ter medo de ser feliz.
Saturday, June 21, 2008
Notas Soltas
Elenco cheio de estrelas: Patricia Pillar, Claudia Raia, Juliana Paes. História de menos. Assim é A Favorita, nova novela das oito. Muito drama. Muito clichê e a primeira baixa: Juliana Paes que deixa a trama.
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A história da mulher presa durante anos enquanto outra cria sua filha já foi vista em Dancing Days. Claro que com uma maquiagem, mudança de cenário e trilha sonora, trocando a discoteca por festas country, ninguem nem nota...
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Enquanto isto, no horário das seis, Ciranda de Pedra causa perplexidade. Para quem se lembra de Lucelia Santos na primeira versão, a nova Virginia (quem é mesmo ela) parece apenas uma sombra muito pálida e sem vida.
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Uma sugestão para a Globo é mudar o horário das sit-coms das 22h e eliminar uma das novelas. Claro que nem todas elas poderiam ser liberadas para horários mais cedo, como Dicas de um sedutor, mas as outras seriam uma ótima alternativa para quem não aguenta mais a mesmice.
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Falando em mesmice, a programação da sessão da Tarde cansou. Outra coisa que cansou, também, foi Bob Esponja. Os episódios mais novos estão completamente sem graça. Melhor seria se a Globo revisse sua programação.
Friday, June 13, 2008
Nem todos os títulos são o que parecem ser
Se você não sabe inglês, não tente aprende-lo pelos títulos de filme. As traduções em português muitas vezes não correspondem ao original e um exemplo disto é a deliciosa comédia O amor custa caro, em cartaz nos cinemas. O original em inglês fala de crueldade, mas não em preços. Outros exemplos são clássicos como Assim Caminha a Humanidade, em inglês apenas Giant (gigante) ou A Noviça Rebelde (Sound of music).
Fatima Dannemann
A Farra do Demônio é um desses filmes trash de orçamento baixo, assinado por um diretor chinês, John Woo, que se tornou cult entre universitários. Pois seu titulo em inglês nada tem a ver com a tradução em português: To hell with devil (para o inferno com o diabo). Mudando para algo mais hollywoodiano e mais “bonitinho”, o já clássico A Noviça Rebelde, que trata da história verdadeira de Maria von Trapp ex-noviça que se casa com um oficial da marinha austríaca viúvo com sete filhos e foge do nazismo através das montanhas até a Suíça, dificilmente levaria alguém a aprender inglês via títulos de filme. Sounds of Music significa Sons da Música, o mesmo título – ou quase isso – da musica tema do filme (the hills are alive/with the sounds of music...).
Para chamar o público, os distribuidores de filmes simplesmente trocam o título por outros que lhe parecem mais “comerciais”. Assim, muito do verdadeiro significado ou até todo o significado se perde e àqueles que sabem um pouco do idioma inglês resta apenas a perplexidade de não saber onde e como os distribuidores acharam aquele título. Exemplo clássico: To have or not to have. Este filme, da década de 40, é baseado num original de Ernest Hemingway e foi quando o casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall se conheceram e começaram um romance que durou toda a vida do Boggie. O título original significa Ter ou não ter, mas em português se chamou Uma aventura na Martinica. Nada a ver, claro, e a brincadeira com o clássico monologo to be or not to be foi perdido para sempre.
Tradução Cruel
Goerge Clooney é um inescrupuloso advogado que não perde uma só causa de divórcio. Catherine Zeta-Jones é uma das derrotadas pelo advogado que jura vingança. Claro que os dois se apaixonam, mas enquanto isso o público se diverte numa comédia romântica deliciosa, com uma trilha sonora maravilhosa, com 80 por cento de músicas de Simon e Garfunkel, incluindo uma versão de Bridge over troubled waters. Um filme que vale o dinheiro do ingresso. O título em português seria Crueldade Intolerável. Seria. Mas da crueldade do título só sobrou a tradução que transformou Intolerable Cruelty em O amor custa caro, filme que está em cartaz nos cinemas.
Outro filme recente que teve o original modificado. Willard, título original, foi acrescido de A vingança e se transformou em A vingança de Willard. Personal Velocity: Three Portraits, filme de arte cujo título significa Velocidade Pessoal: Três retratos, virou O tempo de cada um, Basic (Básico) virou Violação de Conduta, The italian Job, a profissão italiana se transformou em Uma saída de mestre. É só conferir os sites de cinema e ver os títulos dos filmes recentes. Mas isto acontece desde que Hollywood é Hollywood, e alguns títulos traduzidos acabam sendo totalmente modificados.
Giant (Gigante) virou Assim Caminha a Humanidade, um filme oscarizado da década de 50, com alguns dos ícones da época, um dos ultimos filmes do legendário James Dean que morreria na flor da idade e no auge do sucesso num acidente em seu carro conversível. Entre dois amores, filme também premiado com o Oscar, era apenas Out of Africa no original em inglês. A força do destino no original era an officer and a gentleman (um oficial e um cavalheiro). Basic Instinct, instinto básico, virou Instinto Selvagem. Há casos em que a tradução não muda nada como sexo, mentiras e videotape, que em inglês é exatamente isso sex, lies and vídeotape. Com letras minúsculas e tudo mais.
Maria de Fatima Dannemann
O lugar onde o vento faz a curva. Depois de mais de três horas de carro, em ritmo de aventura, com raposas e pacas cortando a pista a todo instante, é esta a impressão que se tem de Laje dos Negros: a de ser realmente onde o vento faz a curva. Um lugar perdido no tempo e esquecido pelos mapas. Este povoado, mais conhecido como Laje, entre os moradores da região de Campo Formoso, centraliza outros povoados tão perdidos e precários que vão se encontrando ao longo dos 110 quilômetros de estrada de chão batido, cheia de lamas e riachos profundos: Alagadiço, Gameleira, Casa Nova, Pedra, e mais de uma dezena de outros vilarejos (alguns são apenas um punhado de casas), onde vive uma população extremamente pobre.
Somente há tres anos esses povoados ganharam energia elétrica. Muitos não têm água encanada. Nenhuma das estradas que interligam esses povoamentos têm qualquer tipo de pavimentação. Avista-se Laje dos Negros, o maior dele, depois de uma ladeira. Lá embaixo, na curva, no pé de um morro alto e junto ao lajedo de pedra às margens do rio onde os negros se amotinaram, amontoam-se os pequenos casebres onde moram trabalhadores rurais e pequenos comerciantes que estão vivendo uma série de problemas em decorrência a falta de luz. Os piores são a falta de emprego, “ninguém acha um serviço nem para ganhar R$5,00”, diz Júlio Tibúrcio da Silva, um dos moradores mais antigos do lugar, e a violência provocada pelo tráfico de drogas.
Medo
É como se ainda estivessem no quilombo fugindo aos senhores de engenhos ou fazendas dos tempos imperiais. Mal avistam um carro fecham portas, janelas, escondem-se dentro de casa. O sertão, que sofre com seca, enchente, falta de recursos financeiros para as populações mais pobres investir até em agricultura de subsistência, tem problemas mais profundos. No início do século, o terror do agreste eram os cangaceiros e a volante em sua eterna perseguição. Hoje as brigas entre traficantes de droga e Polícia federal levam o medo aos descendentes de escravos que ficaram na região, cujo nome provoca calafrios de medo em alguns moradores da sede de Campo Formoso.
– Muita gente foi embora, isso aqui não dá futuro a ninguém não, dizem os moradores do lugar que moram em minúsculos casebres com famílias com até 10 filhos ou mais. Quando anoitece e fica escuro, ninguém enxerga mais nada. Todo mundo se tranca em casa, acende os fifós e vão dormir. Sonhar com dias melhores ainda é a melhor diversão para toda aquela gente sofrida e desconfiada. “Luz? Aqui? Governo colocar luz aqui? Ah, eu só acredito vendo”. Este é o “tesouro” que pode resolver os problemas da região: o desemprego e a violência que as continuadas ações tem ajudado a resolver.
Antigamente era muito pior, segundo os moradores de Laje. Com as batidas periódicas que a PF vem promovendo no lugar, a situação melhorou. “Outro dia pegaram 37 quilos de maconha. Dizem que tem uma plantação a uns 9 quilômetros daqui. Com a falta de condições financeiras, muita gente faz o que não deve”, diz Júlio Tibúrcio da Silva. Horas tranqüilas, de paz e sossego, são poucas. Durante a feira, aos domingos, durante a festa de Santo Antônio, em junho, e enquanto a única televisão do povoado, movida a bateria solar, exibe as novelas da Globo, única diversão para os jovens em dias “normais”.
Necessidades
– Nós estamos precisando de tudo. Aqui tem tanto problema que só um prefeito não dá conta do recado, dizem os moradores de Laje dos Negros sobre a situação em que se encontram. Laje dos Negros, aliás, tem ares de “capital” quando comparada, por exemplo, a Alagadiço, os povoados mais próximos, que não passam de um punhado de casas amontoadas de forma desordenada, um grupo escolar, o inevitável campinho de futebol e pequenas capelas católicas onde os padres só dão ar da graça em dias de festas.
A história de Laje começou ainda no tempo da escravatura. Um dia, alguém encontrou escravos fugitivos que moravam ao relento, em um lajedo de pedra às margens do rio que banha o lugar. Outras pessoas foram chegando, a povoação se espalhou pelos cantos vizinhos. A negritude original foi se mesclando aos índios, caboclos, brancos, mas a grande maioria ainda é descendente dos escravos que deram origem à povoação. O tempo passou, mas a vida não melhorou para o povo de Laje e vizinhança alguns vivendo na mais completa pobreza.
Sem luz – e em alguns povoados sem água – não há condições de estocar alimentos para os períodos das “vacas magras”. A ambulância que ficava na região, pronta para remover doentes mais graves até o hospital ou posto de saúde mais próximo, sumiu depois que a nova administração municipal de Campo Formoso tomou posse. Também não há creche para as inúmeras crianças pequenas da região. As mulheres têm famílias numerosas. Algumas até mais de 10 filhos, nenhuma orientação, por exemplo, quanto à necessidade de fazer planejamento familiar, assunto que, em Campo Formoso, mulheres já discutem mais abertamente. Com crianças pequenas, não se pode trabalhar, dizem as mulheres da região.
Maria de Fatima Dannemann é jornalista
(matéria publicada originalmente no jornal A Tarde, reescrita em agosto de 2002)
Fatima Dannemann
Dizem as más línguas, que todas as vezes que um pais ou ideologia ameaça a supremacia norte-americana, Hollywood contra-ataca com filme sobre ETs. Teria sido assim na década de 50 quando uma série de filmes sobre aliens, discos-voadores e invasão do planeta simbolizava a ameaça soviética da guerra fria.
Com Saddan Hussein, veio Independence Day, agora, depois do 11 de setembro de 2001, surge Sinais, com Mel Gibson. Seja como for, o filme apenas traz de volta uma velha pergunta: "existe vida fora da terra?"
A Bahia, estado brasileiro situado na Região Nordeste tem sido alvo de aparições esquisitas. Ninguem sabe explicar o que viu, dizem apenas que "não era coisa desse mundo". Em 96, um médico em Conceição do Almeida chegou a filmar pontos luminosos misteriosos no céu. O assunto foi parar no Fantástico, chegou a ser estudado por vários ufologos, mas tudo parou por ai. Dois anos mais tarde, uma jam session numa delicatessen de posto de gasolina de Salvador foi subitamente interrompida quando um objeto luminoso "caiu" do céu.
Esta queda, levou uma pequena multidão a uma localidade perto de Dias D'Ávila onde muita gente jura que viu cair um disco voador. Misteriosamente, ninguém encontrou nada, e a explicação oficial foi a de uma queda de um balão meteorológico, no mar. Misteriosas luzes foram avistadas dias antes do fenômeno, e umas delas chegaram a ser captadas, sem querer, pela lente de um fotógrafo de jornal. A versão de ufólogos baianos é a de que existiria uma base de ufos no oceano, ao largo da Bahia, e por isso as aparições são frequentes.
Locais como Chapada Diamantina, Jequiriçá e Reconcavo são alvos de frequentes avistamentos. Em Morro do Chapéu, anos atrás, alguem chegou a anunciar a construção de um "aeroporto para discos voadores". Gozação ou não, o fato é que enquanto o ET de Varginha mobilizava a opinião pública, fazendeiros baianos tiveram animais mortos misteriosamente. O caso aconteceu em diversas localidades do Reconcavo e próximas a Feira de Santana, segundo municipio do estado, a 108km de Salvador.
Tudo era precedido de estranhas luzes, latidos de cachorros assustados com algo que seus donos não viam. No dia seguinte, reses apareciam com perfurações no corpo. Algumas morriam instaneamente, outras morriam dias mais tarde. Nenhum veterinário se arriscou a um diagnóstico mais preciso.
Se isto aconteceu no final dos anos 90, antes disso os mistérios extra-planetários já rondavam a terra. Mesmo antes de Steven Spielberg encantar o mundo com ET, um avião da Vasp foi seguido por luzes misteriosas no percurso Fortaleza-São Paulo.
Sinais como os do filme protagonizado por Mel Gibson existem em diversos países e intrigam os estudiosos por não se parecerem com nada existente na terra. Muitos deles se encontram no interior da Inglaterra e apesar de intensamente estudados, nunca foi encontrada explicação para eles.
Ufologia atrai curiosos e estudiosos
Mesmo que não seja reconhecida "oficialmente" como ciência, a ufologia atrai curiosos para estudar aspectos ligados a vida fora da terra. Ramos mais esotéricos afirmam que o que chamamos estrelas, na verdade, são planetas mais evoluidos e nesses planetas morariam seres também mais evoluidos que os "terráqueos", muitos dos quais seriam mentores e protetores do nosso planetinha azul. Muitos desses seres, aliás, teriam vindo a terra para guiar a humanidade e o planeta em sua evolução e mudanças de plano evolutivo. Ou simplesmente proteger a terra contra ameaças alienígenas.
Isto teria acontecido durante a mudança do quarto para o quinto plano evolutivo. Foi quando seres de planetas menos evoluidos ou em crise teriam chegado a terra para se aproveitar da evolução do planeta e corromper a humanidade até então ingênua e dentro das leis. Esta queda seria ligada a destruição de Atllântida, o misterioso continente perdido.O mundo ocidental judaico-cristão rejeita a teoria de vida fora da terra, mas há quem associe "os anjos caidos" e a presença de grandes homens como Buda, Cristo, e outros profetas a extra-terrestres.
Claro que líderes religiosos e os meios científicos ficam irritados ao ler essas declarações. Mais de um ufólogo conta já ter sido ridicularizado e perseguido pelo mundo 'oficial", mas um deles, que pede a jornalista reserva quanto a sua identidade, diz que "há 500 anos, pensava-se que a terra era chata, descobriu-se a América e que o mundo é redondo. E há coisas inexplicáveis. Se a temperatura de vênus é tão alta como pregam os cientistas, porque as sondas espaciais enviada a esse planeta nunca sofreram avarias devido ao calor?"
A pergunta fica no ar. Enquanto isso, a Nasa descobre sinais muito semelhantes ao da terra em luas de Jupiter e formas primitivas de vida em meteoritos caidos de marte. Isto, sem contar planetas extra-sistema solar descobertos...
Hollywood e os ETs
Mistério sempre há de pintar por ai, diz a música. Pelo menos no cinema, existe vida fora da terra. Seja em fábulas delicadas como ET, de Spielberg, ou Cocoon, filme em que um grupo de idosos é levado a um planeta misterioso onde poderão rejuvenescer e viver eternamente, seja em versões mais violentas como os filmes da série Alien, com Sigourney Weaver.
Más línguas não faltam para associar os ETs do cinema ao medo dos americanos em perder sua supremacia global. O gênero floresceu na década de 50, em plena guerra-fria. Na década de 60, houve alguams incursões no gênero, como 2001 uma odisseia no Espaço.
Nos anos 70, dois jovens egressos das fileiras da Universidade da Califórnia, retomavam os filmes B da década de 50, davam charme, efeitos computadorizados. Quem são eles? Steven Spielberg e George Lucas. Os dois, isoladamente, assinaram ET, Guerra nas Estrelas, produziram e apoiaram projetos de aventuras extra-espaciais. nquanto isso, na TV, séries como Jornada nas Estrelas arrebataram uma imensa e fiel legião de fãs.
Na década de 90, Independence Day chegou a ser encarado como uma resposta de Hollywood a ameaça de Saddan Hussein e depois do atentado de 11 de setembro, foi visto como profético por alguns observadores.
Enquanto isso, ufólogos, esotéricos e bichos-grilos, se reunem em lugares como Sedona, Arizona, ou a área 51, no Novo Mexico, para tentar manter contatos imediatos de terceiro grau. Isto porque nem todos os ETs seriam malvados como os da série Alien. Que o digam as revistas em quadrinho: Super-Homem nada mais é que o ET Kal-El, vindo diretamente de Kripton para salvar o mundo de ameaças malignas como Lex Luthor.
O sertanejo é antes de tudo um forte, disse Euclides da Cunha em Os Sertões, e no agreste baiano, a força do sertanejo vem da fé. Em meio a um cenário tipo “até o fim do mundo”, o santuário de Monte Santo, cerca de 500 km de Salvador, atrai devotos dos mais diversos pontos do estado que, todas as sextas-feiras santas, refazem a Via Sacra lembrando os últimos momentos da vida de Cristo.
Maria de Fátima Dannemann
(especial para o grupo Ser Natural)
Quatro horas da manhã. Barulhos esquisitos acordam o forasteiro em plena madrugada. São as matracas, instrumentos de percussão, que acordam a cidade. Sua musica esquisita significa que está na hora de subir o morro descoberto pelo Frei Apolônio de Todi, no século XVIII e refazer os passos de Jesus. Lá no alto, as imagens do Senhor Morto e de Maria esperam os fieis para descer em procissão umas cinco ou seis horas mais tarde. Monte Santo é uma cidade pequena, pobre, com o pior índice de analfabetismo do estado da Bahia, e sequer lembrada como centro de turismo. Somente na Semana Santa é que recebe os romeiros, muitos deles vindos de cidade próxima.
O cenário é exótico na região. O típico agreste baiano com muitas espécies de cactos, arbustos, algumas arvores maiores. Nesse cenário, famílias e mais famílias de lavradores lutam contra a seca para garantir seu pão de cada dia. Perdido na caatinga, o frei italiano achou semelhanças entre a Serra de Piquaraça, que passa nos limites da cidade, e o Calvário, onde aconteceu a crucificação. Desistiu de procurar a paróquia para a qual foi destinado, ficou por ai e construiu as 25 capelinhas representando as estações da via sacra, e três delas maiores dedicadas ao Arcanjo Miguel, Nossa Senhora das Dores e Santa Cruz, ponto final da caminhada no alto do morro.
Ervas e lendas
O interior parece não se contaminar por mordenismos high-tech e algumas lendas e tradições resistem às viradas de século. Uma delas é a de pegar velas acesas na capela do arcanjo Miguel e guardar em casa. Em noite de trovoada, acender essas velas será garantia que nenhum raio vai cair em casa. É isto o que fazem senhoras mais idosas, as que fazem a caminhada no seu próprio ritmo, ou as que simplesmente acreditam que “o que vale é a intenção” e simplesmente sobem apenas algumas estações esperando a procissão para descer com as imagens. Uma delas contou que “minha filha é agoniada. Quando roncava trovoada que cai os coriscos, ela ficava azuadinha. Me ensinaram para acender a vela de São Miguel. Eu acendi e ela nunca mais se agoniou”.
Outras pessoas catam ervas e enumeram seus poderes mágicos e/ou medicinais. Uma serve para “afugentar coisa ruim”, outra serve para “curar espinhela caída”, tem as que baixam feres, curam dores, etc. Todas crescem no morro por livre e espontânea vontade da natureza e a mulherada da região, especialmente as mais velhas, juram que esta é a prova, “que deus andou por aqui mesmo”. Pode ser ou não. O frei comparou o morro ao Calvário, mas o sofrimento lá é humano. Professores, há três anos, recebiam apenas R$20,00 de salário. Como os poucos professores graduados do local se filiaram à instituição da classe, o governo resolveu bloquear os salários. Há dois anos eles ainda brigavam na justiça para receber os atrasados, mas, surpreendentemente, continuavam dando aulas.
O transporte mais visto por lá ainda é o pau de arara, e é nas carrocerias de caminhões que crianças e adolescentes vão a escola, numa cortesia da prefeitura municipal. Claro, não há segurança, e os motoristas simplesmente voam pelas estradas muitas delas sem asfalto. Turismo, zero a esquerda. Não existe infra-estrutura. Mas, intelectuais e estrangeiros se sentem atraído pelas histórias que cercam o lugar, e numa dessas, Glauber Rocha fez de Monte Santo cenário de seus filmes. Uma estátua de Antônio Conselheiro lembra que o líder de Canudos andou por lá. E é tudo. A cidade gira em torno da espera pela sexta-feira da paixão, e depois que a procissão desce, tudo é permitido. A vida volta ao normal e jovens e adolescentes sentam-se nos bares para tomar uma cervejinha rompendo o aleluia por conta própria. “Subi ao morro, rezei, voltei. Paguei meus pecados e agora estou com lucro até o ano que vem”, dizem os rapazes, sinal de fé para quem “pena” o ano inteiro na terra do sol.
Poltergeist, enquanto não é tempo de procissão
Dizem que foi por causa da guerra de Canudos. Pode ser, pode não ser, mas o fato é que histórias fantásticas rondam a região entre Uauá, Canudos, Euclides da Cunha, Monte Santo, Massacará e outras cidades. São casos estranhos, como o de uma mulher que mora em uma cidade e ouve tudo o que conversa na outra. A história de um menino que teria desencadeado poltergeists no sítio dos pais, e rios secos que jorram sangue em Canudos.
Claro, se alguém perguntar, ninguém sabe, ninguém viu e tudo morre no “dizem, mas eu não sei não.
Um dos casos ganhou destaque a nível nacional ao ser apresentado no Fantástico, Rede Globo, e aconteceu em 96. Num povoado próximo a Euclides da Cunha, 38 km de Monte Santo e 470 km de Salvador, colchões foram queimados misteriosamente, visitantes receberam pedradas, e ovos apresentavam sangue em vez de clara e gema ao ser quebrado. O fotografo Walter Carvalho percebeu vultos ao entrar na casa assombrada, e a repórter recebeu um puxão no cabelo. Antes disso, o prefeito da cidade por pouco não foi atingido por pedras atingidas pelo “espírito”.
Segundo os moradores locais, era Romãozinho. O espírito de um menino mal que se manifesta, de tempos em tempos, em famílias esquisitas. “O tio é casado com a sobrinha, ai Romãozinho está castigando”, diziam os moradores próximos. Um garoto de 13 anos, filho do dono do sitio, seria o epicentro do problema (o médium que desencadearia o fenômeno) segundo os diversos espiritualistas, religiosos e parapsicólogos que foram pesquisar o fenômeno. A igreja católica não se manifestou. O padre disse na época que não havia necessidade de ir até lá, “é tudo imaginação”. Mas, o povo contra-atacou: “ele está é com medo”.
Monday, June 02, 2008
Santa Gioconda do Chega salva novela
Fatima Dannemann
Hoje, Marilia Pera deve dormir feliz. Com o final de Duas Caras, ontem, ela não só confirma seu status de uma das melhores atrizes brasileiras, como vê sua Gioconda, rica, chiquérrima, politicamente correta salvar a novela. Sim, salvar. Em um monte de clichês e equívocos, Marilia foi um destaque absoluto e conseguiu elevar sua personagem de mera coadjuvante a uma protagonista por direito. A isso, atribuem-se dois fatores: competência e experiência. Coisas que Marjorie Estiano e Debora Falabela poderão vir a ter daqui a muitos anos. Ou não.
Sem cast - outras emissoras roubaram faces carimbadas nas novelas - a Globo investe em caras novas. O resultado as vezes é desastroso e no caso da novela de Duas Caras apenas morno. Débora Falabela não convenceu como a rebelde sem causa que desafiou a familia, casou com um pobre e foi morar na favela. Virou uma dona de casa de classe média se divindindo entre familia e profissão. Sem nada demais. Marjorie Estiano foi anunciada como a atriz principal mas… Que protagonista é essa que passava dias sem aparecer e não fazia falta?
Marilia brilhou. De perua viciada em comprimidos e calmantes dos primeiros capítulos, virou uma pessoa indignada com a violência, contra os problemas socio-economicos. O discurso no dia da batalha de Juvenal Antena contra o traficante de outra favela comoveu. A atriz aproveitou a ficção e mostrou verdade sobre um dos piores problemas da sociedade brasileira hoje, a violência.
Ainda bem. Não fosse Marilia Pera, teríamos uma vilâ cheia de botox e caretas transformada de menina doce e equilibrada dos primeiros dias de novela, numa assassina, ninfomaníaca e detraquê dos ultimos capitulos. Se não fosse Gioconda mostrando que os ricos - que detem boa parte do PIB brasileiro - sofrem problemas graves, teriamos apenas uma favela fake, com um chefão achando que era rei, sentando em trono, extorquindo comerciantes, mantendo reféns em carcere privado e trocando favores com delegados. Pior: Juvenal Antena acabou ileso e impune. Como se fosse um santo. Evilásio, eleito com as bençãos do padrinho (seria referencia ao filme The Godfather, conhecido entre nós como O poderoso chefão?), quietinho como se assinasse embaixo tudo o que acontecia na Portelinha.
Pior cena foi Célia Mara e Branca - antigamente conhecidas pelos nomes de Nazaré Tedesco e Maria do Carmo Ferreira, inimigas mortais - terminarem a história como amigas de infancia. Ou, Maria Paula fazendo exatamente o que Ferraço fez: roubado tudo e fugido. Ah, e Marconi Ferraço, único vilão que se arrependeu e se redimiu, foi o único que foi punido. Enquanto que Bia Falcão, ops, Silvia foi vista em Paris com marido e amante.
Agnaldo Silva, autor, entre outras novelas de Tieta, Fera Ferida e Senhora do Destino. Deve uma história melhor. Duas Caras? Apenas mais uma novela. Mesmo com Marilia Pera.