Gente, não nego que eu gosto de TV. Assisto de tudo, programas
intelectuais, programas bregas, programas sisudos, programas de humor
escrachado. Afinal, detesto preconceitos pois todo preconceito para mim é
igual a racismo, é confinar o ser humano e suas criações em guetos, formar
panelinhas e fechar os olhos. Ou seja: está por fora. E nessa de ver de
tudo, vejo o Big Brother Brasil que está em sua quinta edição. Mesmo porque,
entre os rapazes tem sempre uns filezinhos e refrescar a vista é sempre bom.
E nessa edição tem. O melhor deles: Pedro Bial.
Bial que se tremeu todo na cobertura da Guerra do Golfo, que se
enrolou por falta de subsídios no Rock in Rio, que é meramente protocolar
como repórter e apenas mais um nas chamadas do Fantástico se revelou um
showman equilibrado na apresentação do Big Brother. Ainda não perdeu as
manias das caretas (Fatima Bernardes fez escola), mas é coerente em suas
observações e não tem muita frescura. Sem falar na voz maravilhosa, no lindo
sorriso, nos cabelinhos de querubim... Mas dá de dez no Zeca Camargo que
apresentava o falecido Sem Limite (ou não era ele?).
No primeiro BBB, quando anunciaram o jornalista como apresentador do
programa eu fiquei com os dois pés atrás. Ele é aquele cara tudo de bom, mas
a imagem que ficou aqui foi a do Bial se tremendo todo para falar dos
mísseis scub na Guerra do Golfo. Ah, e se tremendo, mas em Israel, um
pouquinho longe do Iraque. E mais: a de um repórter que fazia a guerra
parecer um inocente vídeo game. Ele só faltava dizer: "e agora com vocês,
mais um sensacional Míssil Scub destruindo campos de petróleo iraquianos"...
Por essas e outras, Bial me soava esquisito para apresentar o BBB.
Lembrava os foras que ele deu no Rock in Rio quando se mostrava pouco a
vontade não só com o heavy metal e outros estilos mais pesados, mas com
todos os tipos de musica pop. Lindo e sofisticado, com aquela cara de quem
não estava gostando de musica nenhuma do Rock in Rio, Pedro Bial me passava
a imagem de quem ouve música clássica. Ou jazz. Ou daquelas musicas
instrumentais mais invocadas como as de Pat Metheney. Tudo bem. Eu também
ouço música clássica, jazz, musica instrumental invocada, musica celta,
musica africana e adoro rock. E também sou jornalista. Ah, e as vezes também
ia fazer determinadas matérias visivelmente contrariada. Mas minha praia é
jornal e dá para disfarçar mais a falta de familiaridade. Nesse ponto eu
entendo o Bial.
Mas, em TV, as coisas são diferentes. Imaginei como um cara que vivia
no exterior, Londres, eu acho, acostumado a jogar golfe, a ter aquela vida
culturalmente efervescente de cidades como Londres, Paris, Amsterdan,
Dublin, Edimburgo e outros endereços podres de chique, ia concordar em ficar
três meses no Brasil conversando com um bando de rapazes e moças que
resolveram se trancafiar numa casa por três meses em troca de uma bolada.
Pois foi ai que Bial se encontrou. Vejo Bial apresentando o programa com
graça, leveza, tipo um pai, ou mesmo um psicólogo, aparando pontas, dando
broncas de leve quando preciso, enfim, se revelando. Um estilo chique de
apresentar um show, pois está ali, além do deus grego com sotaque brasileiro
maravilhoso, está um quase lorde inglês.
!.
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