Sunday, September 20, 2009
Um lugar no mundo: Sicilia, a ilha das tres pernas
Esqueça tudo o que você ouviu falar sobre a máfia. Pense somente em praias com um mar azul intenso, sítios arqueológico, castelos medievais ah, e muitas histórias. Na Sicília, máfia é uma das poucas palavras que o turista não vai ouvir. A ilha das três pernas, a pérola dos gregos vem tentando limpar seu passado da mancha negra da máfia e vem incentivando o turismo. Mas, ao ver o vale dos Templos, em Taormina, ao pisar no solo sagrado de Enna, onde Deméter e Perséfone cultivavam seus jardins, ou ao ver as lindas praias de Taormina, a máfia fica sendo só coisa da imaginação dos roteiristas de cinema. E a Sicília, a ilha por onde passaram Ulisses e
Enéias, entre outros heróis da antiguidade, vem recebendo turistas brasileiros que vão desocobrir seus mistérios.
Imagine sentar-se num restaurante, pedir uma refeição tipicamente mediterrânea, com frutos do mar, uma cassata de sobremesa e um limone de digestivo. Enquanto degusta o prato, o mar está ali a seus pés, azul e misterioso como nos tempos em que Enéias e Ulisses navegaram enfrentando monstros, sereias e intempéries. Bom, no tempo dos heróis da guerra de Tróia, não havia restaurantes na Sicília. Talvez por isso eles passaram ao largo da ilha ao sul da Itália. Uma pena. Entre os tesouros de Siracusa e Agrigento ao mar de Naxos e Taormina, eles teriam descoberto um paraíso muito antes da Máfia ter se instalado por lá. Máfia? Esqueça isto. Por lá
não tem nem batedor de carteira . Muito menos bandidos profissionais. Quando você pergunta ao guia sobre os mafiosos como os que vê no cinema, ele ri e explica: mudaram-se todo para outros paises.
Ainda bem. Graças a "limpeza" que as autoridades fizeram por lá, a Sicília perdeu a aura de lugar perigoso e ganha os que podem passar as férias lá. "ah, mas é um lugar de velhos, atrasado e cafona". Ledo engano. Ande pelas ruas de Palermo e vai ver que a elegância das meninas e meninos da Sicília é algo bem mais que discreta. As grandes griffes estão presentes nas principais cidades e até mesmo para conversar na pracinha, os mais velhos, já aposentados, estão sempre impecáveis. Portanto, vale a pena passar uma borracha nos problemas da infra-estrutura de cidades pequenas (como Palazzo Adriano, uma cidade pequena e sem atrativos, que se tornou ponto turístico por ter sido cenário de Cinema Paradiso) e caia fundo no que a Sicília tem de melhor. Especialmente Siracusa, que lado a lado com os remanescentes greco-romanos, tem lojas incríveis onde se compram jóias e bijuterias a preços mais do que convidativos.
Trinacria
Os gregos chamavam a ilha, que administrativamente faz parte da Itália mas na prática é mesmo um mundo a parte, como todas as ilhas, Trinácria. Por causa das três pontas. E até hoje, é o rosto de uma mulher de onde saem três pernas a representação da Sicília. Um lugar que, além da influencia grega e posteriormente romana, ganhou também parcela de contribuição dos mouros, normandos e uma série de outros povos que em alguma época tentou invadir e
conquistar a Sicília e por lá deixou sua marca. Melhor para o turista que hoje pode ver a bela capela Palatina, em Palermo, totalmente decorada com mosaicos, a Catedral de Monreale, onde o destaque fica por conta do Cristo Pantocrator (o mesmo que se vê em igrejas ortodoxas) , para muitos o verdadeiro Cristo, as ruínas do Palácio de Enna, o teatro grego de Siracusa, ah, e uma surpresa especial: Notto, uma cidade totalmente construída no estilo Barroco.
Não há vôos diretos do Brasil para a Sicília. É preciso fazer conexão em Roma ou outra cidade do continente chegando, então a Palermo ou Catânia que possuem bons aeroportos. Nem todas as operadoras de turismo brasileiro oferecem roteiros completos para a Sicília, mas quem quiser arriscar-se pode começar por Palermo, seguir por Agrigento, Enna, Piazza Armerina (vale enveredar-se nesse "cafundó de Judas para conferir a Vila de Caça do Imperador Romano, toda em mosaicos e muito longe de ser apenas uma ruína), Siracusa, Notto, Catania, o Etna (sim, o maior vulcão em atividade da Europa está lá e é lindo) , Taormina, ah, e terminar o tour tomando o ferry boat em Messina para retornar ao continuente. É quase uma volta de 360 graus pela Sicília. Só que ainda tem muito mais.
Programas para todos os gostos, tem. E passeios diferentes como ir quase ao topo do vulcão Etna ver um mundo de neve, lava, fogo e fumaça. Perigoso? Sim, é. No inicio dos anos 2000, durante erupção mais forte, muita gente morreu, casas foram destruídas, e a população de catânia precisou usar mascaras por causa dos gases expelidos pelo vulcão. Mas mesmo nos flancos da montanha existem cidades e os sicilianos contam que as terras, adubadas
pelas lavas, se tornam bastante férteis. E falando em terra, o forte da Sicília são as frutas cítricas. Tangerinas, laranjas, limões, tudo muito especial e dando derivados como o limone, o licor da região.
Imperdível, na Sicília é andar no funicular que liga o centro de Taormina a suas praias, visitar Notto e seu casario barroco amarelo ouro, a Orelha de Dionísio, em Siracusa, a Fontana de Aretusa, também em Siracusa, Andar pela Via Ruggero VII, em Palermo, conferindo as modas, comer no Gran Ducca, em Taormina, Subir ao topo das ruínas do Templo grego em Enna, ficar literalmente boquiaberto com o monumental Vale dos Templos em Agrigento, ah,
e provar a culinária local, claro. Desde os doces, como a cassata (esqueça o sorvete tricolor comercializado no Brasil. Não é nada disso), frutas cristalizadas, e bonequinhos de marzipã. Ao exótico peixe espada na brasa ou macarrão com frutos do mar. Se depois disso tudo, você ainda estiver pensando em máfia, pegue uma avião e visite os Estados Unidos...
Texto e foto: Maria de Fatima Dannemann
Na foto - Catedral de Palermo
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