Friday, May 04, 2007

Confissões Perigosas



Fatima Dannemann



- Tenho uma coisa a lhe confessar. Eu transei com seu marido

- Eulália, não acredito, minha melhor amiga e meu marido.

- Foi um momento de fraqueza, Rosenice, só uma vez. Um deslize. Arrependo amargamente, jamais repetiria, mas eu preciso contar.

- Biscateira! Safada! Cretina. Meu marido... Não acredito, Eulália.

- Calma Rosenice. Afinal eu estou lhe contando e foi só uma vez.

- Quando?

- Faz tempo. Num bar. Ele estava num bar, num shopping. Parecia triste. Fui conversar, saber se podia ajudar. Rolou.

- Grande amiga. E que ajuda, né? Me traindo... Sua melhor amiga, Eulália.

- Poxa, Rosenice... Foi só uma vez e, olhe, nem valeu a pena. Muito rápido. Só o trivial, sabe como...

- Sei muito bem, traidora. Eu sou casada com ele, esqueceu? Conheço bem a peça.

- Pecinha para ser mais exata, Rosenice. Por isso não repetiria. Meu marido...

- Sei, Eulália... Sei... Não precisa vir com discurso. Você já falou: momento de fraqueza, deslize, tem seu marido e...

- Sou sua amiga, acredite. Por isso resolvi lhe contar. Eu sei que já faz tempo, mas eu precisava tomar coragem.

- Ah é? Coragem... Pois, depois dessa, eu também tomei coragem. Sabe seu marido? Eu tive um caso com ele, Eulália.

- Vagaba, safada.

- calma, Eulália. Estamos no um a um. Você pegou meu marido, eu peguei o seu. Jogo empatado.

- Nada disso, Rosenice. Ficar com seu marido uma vez não é ter um caso com ele. E você teve um caso com o meu que, aliás, é mais gos...

- eu sei... mais gostoso que o meu. Porque você acha que eu peguei ele, heim? Meu marido é só o trivial e quando não tem futebol, filme, ou a novela está chata.

- Quase nunca...

- E nos intervalos...

- Mas daí a você ter um caso com meu marido, pô...

- Eulália, se situe. Seu marido é o melhor amigo do meu marido. Marquei com ele para conversar, tipo para pedir uma luz. Bom, ganhei outra coisa.

- Quando?

- Quando o que?

- o caso, quando?

- ah, faz tempo.

- E durou?

- Alguns meses, até que meu marido descobriu. Nos viu juntos no shopping.

- E foi afogar as mágoas no bar.

- Como você sabe?

- Ele contou, ora. Por alto, sem dar nome ao canalha que, aliás, era meu marido.

- Bom, no troca-troca eu tive vantagem.

- Que vantagem? Você voltou pro seu, eu voltei para meu marido, a vida continuou.

- Até que você se divorciou, querida. Seu marido trocou você por uma perua muito mais nova.

- E o seu? Trocou você por um tribufu, esqueceu?

- Mas o seu teve uma caxumba e broxou de vez...

- Depois que se separou para ficar com a ninfeta, mas o seu... Sei não, aquele reboladinho suspeito. Aquela mulher horrorosa que ele arrumou...

- Eulália. Estou achando isso uma tremenda frescura.

- Isso o que, Rosenice? Esse papo? Se for o papo não tem nada a ver.

- Pois é, amiga. Abalar nossa amizade por bobagens e eu tenho uma novidade. Estou ficando com um surfista...

- Heim? Surfista? Por acaso tem uns 25 anos, loiro, alto, olhos verdes?

- Você conhece?

- E ainda diz que é minha amiga...



AUTORIA: MARIA DE FATIMA DANNEMANN

Jornalista - DRT/ba - 786

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