Confissões Perigosas
Fatima Dannemann
- Tenho uma coisa a lhe confessar. Eu transei com seu marido
- Eulália, não acredito, minha melhor amiga e meu marido.
- Foi um momento de fraqueza, Rosenice, só uma vez. Um deslize. Arrependo amargamente, jamais repetiria, mas eu preciso contar.
- Biscateira! Safada! Cretina. Meu marido... Não acredito, Eulália.
- Calma Rosenice. Afinal eu estou lhe contando e foi só uma vez.
- Quando?
- Faz tempo. Num bar. Ele estava num bar, num shopping. Parecia triste. Fui conversar, saber se podia ajudar. Rolou.
- Grande amiga. E que ajuda, né? Me traindo... Sua melhor amiga, Eulália.
- Poxa, Rosenice... Foi só uma vez e, olhe, nem valeu a pena. Muito rápido. Só o trivial, sabe como...
- Sei muito bem, traidora. Eu sou casada com ele, esqueceu? Conheço bem a peça.
- Pecinha para ser mais exata, Rosenice. Por isso não repetiria. Meu marido...
- Sei, Eulália... Sei... Não precisa vir com discurso. Você já falou: momento de fraqueza, deslize, tem seu marido e...
- Sou sua amiga, acredite. Por isso resolvi lhe contar. Eu sei que já faz tempo, mas eu precisava tomar coragem.
- Ah é? Coragem... Pois, depois dessa, eu também tomei coragem. Sabe seu marido? Eu tive um caso com ele, Eulália.
- Vagaba, safada.
- calma, Eulália. Estamos no um a um. Você pegou meu marido, eu peguei o seu. Jogo empatado.
- Nada disso, Rosenice. Ficar com seu marido uma vez não é ter um caso com ele. E você teve um caso com o meu que, aliás, é mais gos...
- eu sei... mais gostoso que o meu. Porque você acha que eu peguei ele, heim? Meu marido é só o trivial e quando não tem futebol, filme, ou a novela está chata.
- Quase nunca...
- E nos intervalos...
- Mas daí a você ter um caso com meu marido, pô...
- Eulália, se situe. Seu marido é o melhor amigo do meu marido. Marquei com ele para conversar, tipo para pedir uma luz. Bom, ganhei outra coisa.
- Quando?
- Quando o que?
- o caso, quando?
- ah, faz tempo.
- E durou?
- Alguns meses, até que meu marido descobriu. Nos viu juntos no shopping.
- E foi afogar as mágoas no bar.
- Como você sabe?
- Ele contou, ora. Por alto, sem dar nome ao canalha que, aliás, era meu marido.
- Bom, no troca-troca eu tive vantagem.
- Que vantagem? Você voltou pro seu, eu voltei para meu marido, a vida continuou.
- Até que você se divorciou, querida. Seu marido trocou você por uma perua muito mais nova.
- E o seu? Trocou você por um tribufu, esqueceu?
- Mas o seu teve uma caxumba e broxou de vez...
- Depois que se separou para ficar com a ninfeta, mas o seu... Sei não, aquele reboladinho suspeito. Aquela mulher horrorosa que ele arrumou...
- Eulália. Estou achando isso uma tremenda frescura.
- Isso o que, Rosenice? Esse papo? Se for o papo não tem nada a ver.
- Pois é, amiga. Abalar nossa amizade por bobagens e eu tenho uma novidade. Estou ficando com um surfista...
- Heim? Surfista? Por acaso tem uns 25 anos, loiro, alto, olhos verdes?
- Você conhece?
- E ainda diz que é minha amiga...
AUTORIA: MARIA DE FATIMA DANNEMANN
Jornalista - DRT/ba - 786
Friday, May 04, 2007
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