Wednesday, April 23, 2008

Quando os gregos atropelam Hollywood

Maria de Fátima Dannemann


Esqueça a Grécia gélida dos mármores dos templos. Troque a beleza de Afrodite por tipos mediterrâneos. Para completar, imagine Eros acertando suas setas em dois corações tão distintos que você diria: “esse amor não vai dar certo”. Poderia até não dar, mas pelo menos, no cinema, o resultado é um campeão de audiência que corre por fora do velho “cinemão” Hollywoodiano. Casamento Grego, ou em inglês My Big Fat Greek Wedding, é a história que bem poderia ter sido escrita por um dos mestres da comédia ou da tragédia gregas, mas que tem griffe americana. Estouradíssimo nas bilheterias, arrebatou o primeiro lugar no ranking das maiores bilheterias nacionais no último fim de semana. O filme, que nos Estados Unidos permaneceu no Top 10 por mais 30 semanas, levou mais milhares de espectadores aos cinemas.

Na verdade, quando o assunto é casamento, o filme já tem meio caminho andado para se tornar campeão de audiência. A história do cinema tem muitos exemplos. De Núpcias de Escândalos, que uniu Katherine Hepburn e Spencer Tracy num romance do tipo “e foram felizes para sempre”, ao “Casamento do meu melhor amigo” no qual Julia Roberts apronta mil e umas para desmoralizar Cameron Diaz diante do noivo e às vésperas do casamento. Mas, esses eram filmes típicos de Hollywood envolvendo típicas famílias americanas e beldades que poderiam protagonizar anúncios do sabonete Lux. Em Casamento Grego, tudo é muito diferente. A começar pela falta de beldades esfuziantes e dando continuidade a uma pequena mostra, ainda que bastante caricaturizada de uma família grega, moderna, regida pelo cristianismo Ortodoxo e abençoada por Hera, a deusa dos casamentos fieis e das famílias unidas.

Nia Vardalos, atriz de dublagem, é a protagonista e a autora do roteiro. O projeto já estava pronto de longa data, mas os produtores achavam que um filme retratando gregos não atrairia o público. Foi ai que entrou em cena a mulher de Tom Hanks, a produtora Rita Wilson.

Rita assistiu a história num teatro em Los Angeles. Ficou encantada e por ser de origem grega identificou-se com a protagonista. Arrastou o maridão ao cinema, convenceu-o a arrumar os cinco milhões de dólares do orçamento e o resultado está ai: US$110 milhões arrecadados em seis meses em cartaz nos Estados Unidos. Os adeptos da simplicidade agradecem, está ai a prova de que pode se conseguir muito sem pirotecnias ou sem gastar mundos e fundos.



Diferenças culturais



O filme não chega a ser novidade. Filmes sobre casamentos entre pessoas de cultura ou origem diferentes existem há muito tempo. Mas sempre fizeram sucesso. Na década de 60, os mesmos Tracy e Hepburn de Núpcias de Escândalos viviam papel de sogro e sogra de um negro que estava noivo de sua loiríssima filha em Advinhe quem vem para jantar? As rabugices de Spencer Tracy, a atitude conciliadora de Kate Hepburn e o charme de Sidney Poitier, o black darling da época levaram as platéias ao delírio. Mas era tudo muito bonitinho.

O barato de Casamento Grego é que não há beldades, todo mundo tem a cara e o jeitão bem comum do nosso dia a dia e é possível reconhecer a sua tia engraçada, a sua prima vamp, o seu cunhado chatinho e até a vovó meio doidinha nas cenas do filme em que, se não tem nenhuma beleza estonteante de galã ou musa do cinema, tem o que falta em muitas famílias americanas e mesmo brasileiras: calor humano. E ainda tem o amor vencendo todas as barreiras e unindo pessoas e famílias tão diferentes que até parece um conto de fadas.

Para Nia Vardalos foi mais ou menos isso, porque o sucesso de Casamento Grego começa a render frutos. A emissora CBS resolveu levar o projeto, do jeito que é, para a telinha a toque de caixa. Seis episódios de uma série foram encomendados a Vardalos, que vai ser produtora, roteirista e atriz do programa, ainda sem título definido. O resto do elenco da fita, que inclui Michael Constantine, Lainie Kazan e Andrea Martin (a melhor atuação no filme, como a hilária tia Voula), também teria topado o projeto, de acordo com o web site Foxnews.com. A única dúvida seria John Corbett, que faz o papel do noivo Ian Miller, o "xeno" (estrangeiro). Há chances de que até Wilson tenha um papel no elenco.



Outros filmes sobre Casamento



Imagine se na hora do casamento, a noiva desse no “pé” e fugisse para encontrar o homem dos seus sonhos em outro lugar do planeta? Pois isso é o que acontece em “Only You” em que Marisa Tomei sai correndo atrás de Robert Downey Junior, vestida de noiva e tudo mais, percorrendo a Itália alucinadamente até ficar com o amado. Only You, no entando, não é o único filme que tem um casamento como plano de fundo que marcou época entre quem aprecia comédias românticas. Mas, tem mais: A última festa de solteiro, traz Tom Hanks as voltas com o ex-noivo maluco e ciumento tentando atrapalhar seu casamento. E em O Casamento de Muriel, uma feiosa australiana casa-se por conveniência com um bonitão.

Cher e Olímpia Dukakis receberam Oscar por sua atuação em Feitiço da Lua. Prestes a casar, o noivo de Cher viaja a negócios e ela simplesmente se apaixona pelo cunhado (Nicholas Cage). Outro filme em cartaz no circuito alternativo de Salvador, também fala de casamento, mas em outro tom. Bodas de Sangue, de Carlos Saura, traz a tela grande uma tragédia escrita por Garcia Lorca. Nem sempre as coisas são como pareciam ser. Noiva em fuga, com Julia Roberts e Richard Gere, mostra isso. Ike Graham é colunista de um importante jornal e causa um grande tumulto depois de publicar uma matéria sobre uma moça, Maggie Carpenter (ROBERTS), que mora em uma cidadezinha e tem o estranho hábito de abandonar seus noivos em pleno altar. Enquanto Ike tenta provar que sua estória é verdadeira, Maggie quer se vingar do jornalista fofoqueiro.

No comments: