Saturday, April 02, 2011

A mágica das fábricas de refrigerante

Fatima Dannemann


Hoje, eu não tomo mais refrigerantes. Mas houve um tempo em que eu não passava som eles. Quando eu era pequena, eu adorava passar por fabrica de refrigerantes. Achava engraçado ver as garrafinhas passando vazias, uma máquina enchendo cada uma delas com a bebida, outra colocando as tampinhas metálicas que depois invariavelmente iriam para coleções da meninada.

As fábricas, antigamente, ficavam nos limites urbanos de Salvador. Tempos em que, ecologia, meio ambiente nem existiam, eu acho, e "progresso" significava fábricas e prédios com elevador. A da Coca-Cola, por exemplo, se tornou um endereço tão marcante que até hoje ainda há quem chame a entrada da Avenida Vasco da Gama de “Rótula da Coca Cola”. Não sei se foi o primeiro endereço da Coca Cola da Bahia, mas foi o mais marcante pois estive lá visitando quando eu era adolescente e depois – oba! – tive direito a tomar refrigerante de graça.

Perto da Fonte Nova, na entrada da Rua Djalma Dutra onde funciona a Tribuna da Bahia que foi meu endereço de trabalho por mais de uma década, havia outra. Não lembro qual. Crush, Laranja Turva, um desses “guaranás” que já não são vistos por aqui. O prédio era bonito. Devia ser dos anos 40 ou 50, sei lá, depois virou outra fábrica. Agora, eu não sei.

A mágica das garrafinhas era a mesma. Eu ficava admirada com aquele exército de garrafas de vidro (que estão voltando depois de anos e anos de poluição das embalagem pet). Na Calçada, havia outra dessas casas mágicas, a fábrica da Fratelli Vita – marca que também virou lenda, mas que tinha um guaraná bem mais gostosinho do que os de certas marcas pós-modernas. A Fratelli tinha uma construção em forma de Castelo na entrada da cidade, o que era ainda mais mágico.

De repente, as coisas mudaram. Não sei onde as fábricas funcionam, quais os refrigerantes preferidos, os procurados, os extintos. Coca Cola, Pepsi e seus genéricos, Fanta, Kuat, Schin, Tubaina, Crush, o que ainda existe ou não? Será que os meninos ainda visitam suas fábricas como eu visitei um dia e fiquei sabendo um pouco sobre essa invenção que seduz crianças e adultos a ponto de ter quem esnobe água quando está com sede e prefira um refrigerante? Eu já nem tomo mais refrigerantes e visitei outras fábricas, de vinho, de whisky. Mas, ai, a magia das garrafas é diferente.