Sunday, September 11, 2011

Não, eu não gosto de Roberto Carlos, e daí?

Fatima Dannemann

       Você sabe qual o titulo do último CD de Roberto Carlos? Você sabe cantar alguma música recente (não, não vale Emoções, e Como é grande meu amor por você é mais velha do que a Sé de Braga)? Aliás, em algum dos últimos shows que a Globo transmitiu o rei (?) cantou alguma música nova? Qual? Ah, não lembra. Então, não me venha com xurumelas. Você diz que gosta, diz que morre de amores por Roberto Carlos mas apenas segue uma tendência, a de que pra ser “sensível”, “bom”, “romântico” tem que gostar do cantor. Pois se for assim eu sou insensível, má e interesseira pois assumo: não, eu não gosto de Roberto Carlos. Acho o estilo de suas musicas cafona, e o que o separa de “astros” mais do que populares como Reginaldo Rossi é apenas o preço do ingresso dos shows, o público que se enfeita para ver e ser visto e o respaldo da Globo. Fora isso, merci beaucoup, mas entre ver um filme que eu já vi zilhares de vezes como um da série Batman SBT exibiu no ultimo sábado e o “inédito” e “superproduzido” show de Roberto Carlos em Jerusalem, eu preferi o Batman.

     Até dei uma olhada no show para ver aquele terninho que lembra farda de motorista (com todo respeito aos motoristas), aquele cabelinho de franja rala, o microfone virado de lado e toda a parafernália que cercam seus shows. Nada contra Roberto Carlos pessoa, que eu aliás nunca conheci, tudo contra o que ele se tornou. Onde anda o parceiro de Erasmo Carlos (aliás, o cabeça da dupla segundo tudo o que a historia revelou) em clássicos dos anos 1960 como Negro Gato, Sua Estupidez ou As curvas da Estrada de Santos? Dessas eu gosto, especialmente da última. Mas, me parece que chegando às décadas de 1970, 1980, 1990, Roberto Carlos resolveu seguir a trilha das músicas “românticas” (eu chamo de brega, mesmo, mas deixe o romântica entre aspas, porque é o rótulo nas lojas de disco). E então, formula pronta, RC começou a produzir discos e shows anuais e mais recentemente um cruzeiro marítimo que arrasta milhares de pessoas pelo litoral brasileiro e até gerou outros produtos semelhantes com duplas sertanejas e outros artistas.
Criou-se a imagem do ídolo “certinho”, tão politicamente correto que ninguém nunca soube sua opinião ou seu voto em nenhum momento da historia do pais, tão religioso que criou uma música que é tocada em todas as igrejas católicas no lugar da Ave Maria. Nunca vi entrevistas do Rei, nem coletivas nem exclusivas. Mas, também nunca vi Roberto Carlos em fotos de baladas de revista de fofoca. Até ai, tudo bem, o povo precisa de bons exemplos. Mas essa imagem dá também impressão de alguém inatingível, alguém que só pode ser visto ou no palco ou nas telas da TV, de longe, falando com aquela voz anasalada “são tantas as emoções”.
               Santas diferenças, Batman. O Roberto de hoje está longe do cantor da jovem guarda que junto com Erasmo Carlos, Vanderleia e outros que ninguém mais lembra o nome, eram os rebeldes dos anos 60. Rebeldes, sim. Mas até certo ponto. Eram os que andavam pelas estradas de santos a 320 km por hora, os que esnobavam carrões enormes, calças boca de sino mas pareciam ignorar que o Brasil vivia uma ditadura militar repressiva e das mais severas. Ou então, era a válvula de escape para isso, um modo de seguir a vida e apenas ser jovem, sabe-se lá. Ainda assim, era mais interessante e até mais rico musicalmente do que a baboseira em que a carreira de Roberto Carlos se tornou.
          Sim, baboseira. Talvez muitos pensem como eu, mas falte a coragem de assumir: Não, eu não gosto de Roberto Carlos. Tem gente que gosta, sim, que se descabela e até chora quando ver algumas cenas patéticas como Gloria Maria dançando valsa com o cantor. Bata-me um abacate e meio. Eu prefiro uma reprise do Batman. Pelo menos, Batman tem um conteúdo mais real como os conflitos humanos, a briga eterna entre bem e mal, a segurança e a violência em eterna guerra nas grandes cidades e em cada um de nós. No show de Roberto é tudo lindamente fake. Como quase tudo na Globo, aliás.

Thursday, September 01, 2011

Bicho da vez – Sariguê, o parente feio do canguru




- Você é homem ou sariguê? Algumas pessoas costumam perguntar isso aos meninos quando eles se defrontam com uma situação de medo tal como tomar injeção, fazer endoscopia ou ir ao dentista. Sariguê, para quem não sabe, é o nome “baianês” do animal conhecido em São Paulo, Rio e outros estados como Gambá, como Timbu, em Pernambuco ou ainda o opossum dos americanos. É praticamente o único marsupial das Américas e tem a fama de sujo por causa da glândula que secreta um liquido de tremendo mau cheiro. Pois este cheiro é a arma de sedução que as fêmeas usam para atrair os machos na época do cio.
Mamífero marsupial, as sarigueias guardam os filhotinhos na barriga tais como os cangurus, e a origem do nome gambá é justamente por causa disso (significa barriga aberta na linguagem indígena). Para escapar ao perigo, os gambás fingem-se de mortos. E eles têm um superpoder: são imunes ao veneno de serpentes tais como a jararaca e cascavel. Alem disso, são capazes de atacá-las e até ingeri-las inteiras pela cabeça. Existem sariguês (ou gambás) desde o Canadá até a Argentina. Há cinco espécies conhecidas e quatro delas podem ser encontradas no Brasil. Eles se reproduzem até três vezes por ano dando até 20 filhotes em cada gestação.