Friday, September 24, 2010

Italia em menos de três semanas e gosto de quero mais





Fatima Dannemann

Imagine percorrer, em pouco mais de 2 semanas, norte a sul da Italia, numa viagem em grupo mais do que heterogêneo. Pois foi o que eu fiz. Uma verdadeira corrida que me rendeu umas 750 fotos (as melhores), novas amizades, boas lembranças, mas muito cansaço e alguma intolerância com as mazelas da viagem. Claro que quem ganha são os operadores. Principalmente porque incluem no programa city-tours completamente dispensáveis como os de Veneza, Parma e Bologna (onde aliás nós não vimos a universidade, uma das mais antigas e mais importantes da Europa). Nem tudo é ruim, no entanto, numa viagem como esta. Conhecer lugares como as Cinque Terre ou Portofino é o must da viagem, mas a ida relâmpago a Ilha de Capri, onde você pensa que viu alguma coisa, mas na verdade não viu nada, faz você lamentar o preço pago pelo pacote (a viagem foi tão corrida que eu prefiro chamar de pacote. Na primeira vez, passei 22 dias na Italia, dessa vez, apenas 19. A operadora me deve pelo menos um dia em Capri e mais dois em Roma, no mínimo). Fazendo a ficha da viagem com as avaliações, vamos lá.

Grupo – Heterogêneo, com alguns idosos, duas jovens, algumas “malas”. Mas no geral, foi uma das melhores coisas da viagem. Faltou “gás” em alguns passageiros. Outras preferiam ficar em lojinhas comprando bugingangas. Mas tudo isso “faizz parte”...

Hoteis – A maioria foi da cadeia NH. O de Milão e Roma eram bons. Mas o de Florença era um horror com cortina despencando, ar condicionado quebrado (e um calor infernal) e discriminação no café da manhã. O de La Spezia não era ruim mas não merecia quatro estrelas. Em Assis, o hotel era o Dal Moro. Novo, simpático, com um restaurante excelente. Em Veneza, o Bonvecchiati fica muito bem localizado, e o hotel é maneiro. Sorrento prometia o melhor hotel com vista pro mar, piscina, etc. Mas, no Europa Palace, como descobrimos, tem um lado Palace, mais chique com varanda dando para o mar e banheiros enormes e um lado “pensão palácio”. Advinhe em que lado fomos colocados?

City tour e guias locais – Parma, Veneza, Bolonha e Roma, que city tours foram aqueles? Em Parma, tudo se resumiu a mostrar um parque, o palácio dos antigos reis, e a praça principal da cidade onde tem lojas de griffe e restaurantes chiques. Qualquer pessoa vê aquilo tudo sozinho. A guia de Bolonha chegou a dar um fora: “aqui são monumentos em homenagens póstumas a doutores em direito falecidos”. Perguntamos onde ficava a universidade. “Mais pra lá”. Em vez de faculdades, vimos uma loja de queijo e presunto. Mostrou a torre mais alta da cidade, disse que tinha elevador para ver “a vista da cidade em 360 graus” mas que “não vai dar tempo de subir porque não está incluída na visita”. Preferia tempo livre para fazer o que eu quisesse. Em Veneza, nova enrolação. A guia se limitou a mostrar a Praça de São Marcos e a Catedral (que qualquer pessoa vê sozinha e sem pagar). Roma foi corrida, a visita ao Vaticano superficial. Era domingo, a guia omitiu que no último domingo do mês a visita a Capela Sistina é gratuita na parte da manhã (fomos lá de tarde e apenas a Catedral de São Pedro) e ainda queria impor que almoçássemos num “self-service” no Vaticano para ganhar tempo (não sei que tempo...) depois de barrar as sugestões de almoço na Piazza Navona (mais animada e com muito mais opções). Meu único dia em Roma, então, só não foi um completo fracasso porque aproveitei a meia-hora (sim, meia hora) na Fontana de Trevi (que eu já conhecia) para fazer comprinhas na liquidação da Benetton.
No entanto, a pior atitude foi a da guia local de Florença (cidade e povo realmente antipáticos). A visita se resumiu a mostrar (por fora) a Catedral, o batistério, a Praça da Senhoria, o mercado da Palha e a Ponte Vecchio. Só. Santa Croce, onde estão enterrados muitos cidadãos ilustres da época do renascimento, Palazzo Pitti e até o Mercado de São Lourenço (um camelódromo famoso em Florença), foram solenemente ignorados. O pior, entretanto foi a atitude da guia de debochar do grupo com outros guias, camelôs e conhecidos dela que passavam pelo local. Um desrespeito a quem estava pagando por um passeio melhor e um pouco mais de simpatia, coisas que Florença ficou devendo.

Guias dignas de nota - Como nem tudo são espinhos, valeu a atuação de Elena, a guia dos Lagos Maggioni e Como, que além de bonita, simpática e muito bem informada, mostrou também vários pontos turísticos de Milão no caminho entre a entrada da cidade e o hotel. Nadia, a guia da Liguria, também teve uma ótima atuação, inclusive ficando responsável pelo grupo quando o guia brasileiro responsável precisou se ausentar opara socorrer uma pessoa da excursão que adoeceu. Claudia e Débora, guias, respectivamente, da Toscana e da Costa Amalfitana não decepcionaram. Mostraram tudo, deram indicações de restaurantes para almoçar e Débora ainda brindou as pessoas com canções italianas entoadas à capela com sua excelente voz.

Sugestões – em vez de ir pro sul (Milão – Liguria) e depois pro norte (Liguria-Veneza) uma sugestão é ir de Milão para Veneza e incluir duas visitas interessantes no programa: Verona, que foi a segunda cidade mais importante do Império Romano (salvo engano) e Sirmione, no Lago de Garda, um lugar lindo oferecido apenas como opcional, caríssimo e que ninguém quis por causa do preço.

Outra sugestão: mais um dia em Capri e mais uns dois dias em Roma. Da mesma forma, que tal incluir Pompeia no programa? E falando em Pompeia, uma crítica: ninguém viu o anfiteatro, a casa de Loreio Tiburtino, e a escola de gladiadores(que eu vi da primeira vez. Ainda bem). Mais uma sugestão, em vez de simulações de passeios guiados em Veneza, Parma e Bolonha, melhor dar tempo livre para atividades pessoais.

Guia responsável – Um dos méritos desta viagem ter dado certo (para mim e meus irmãos, pelo menos) foi a atuação do guia brasileiro responsável, Felix, que fez de tudo para compensar possíveis falhas (como a das guias de Veneza e Florença), mostrando o que ficou faltando ver (em Veneza, muita coisa, mas da próxima vez eu largo o grupo e vou passear sozinha, a pé ou de4 barco). Felix, também, foi pai, mãe, filho e avô para Dona Rosa e a sobrinha Suzana, no caso de saúde que resultou no internamento hospitalar da senhora em Genova.

Melhores passeios – Cinque Terre, claro. Punk, cansativo, com momentos radicais como o embarque na lancha de Vernazza para Monterosso em meio a uma quase ressaca, mas que me deixou com vontade de voltar. Portofino e Rapallo, lindíssimos. Região dos Lagos, fantástica e o primeiro passeio de barco pelo lago eu juro que eu jamais esquecerei.

No comments: