Tuesday, April 29, 2008



De repente, o caso Isabella Nardoni ganha um destaque incomensurável, maior, até, do que deveria. Todos se transformam em advogados de acusação, e querem não só um culpado preso, mas um culpado morto como se aquilo fosse novela ou reality show e não a vida real.

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A Globo cobre o assassinato como se fosse desfile de escola de samba. O arerê em torno da reconstituição (fajuta, pois foi feita à luz do dia e não vai servir para nada) foi digno de final de copa do mundo. Record, Band, as outras emissoras acompanham a folia com igual sede de sangue.

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Enquanto isso, fato muito mais bizarro passa meio que despercebido: um pai na cidade de Amstetten, Austraia, engenheiro mecânico, revela-se amante da própria filha, pai de 7 filhos-netos, carcereiro da menina que ficou presa por 24 anos num canto qualquer da casa. Não é novela. É verdade.

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E a mesma Globo que faz do assassinato de uma criancinha um carnaval macabro, mostra na temperatura máxima um filme violento massacrado pela crítica, Taxi, com nossa Barbie-ambulante, Giselle Bundchen fazendo papel dela mesmo em estilo perigosamente louca. Bizarro. Tão bizarro quanto o pai australiano e quanto a cobertura do assassinato de isabela.

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Para amenizar, tome-lhe a cafonérrima Dança dos Famosos em estilo carta marcada com Christiane Torloni usando figurinos “já ganhou” enquanto seus concorrentes usam modelitos com gosto pra lá de estranhos. Outra bizarrice. Silvio Santos ressucita o Qual é a música, um desfile do cancioneiro brega do Brasil, mas que pelo menos envolve alguma pesquisa.

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Como se não bastasse o show da violencia ao vivo no noticiário, as novelas extrapolam em violência, exemplos de mau caráter e outras estrepulias. Duas Caras consegue ser a pior de todas. Gente como Antonio Fagundes e Marilia Pera se queimam em papéis mediocres contracenando com novatos sem charme ou talento como a fraquissima Debora Falabela (que nem ao menos é bonita).

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Melhor sair pra ver o sol. A era de aquário, pelo visto, foi propaganda enganosa, a violência de todos os tipos campeia. Mas isso é outra história.

Fatima Dannemann

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